Meu mundo mudou tanto desde que eu entrei na USP que à vezes parece mágica. Não lembro exatamente dos momentos em que minha cabeça estava sendo remodelada, construída, e só percebo a mudança quando outros a apontam. Um amigo de Atibaia fez isso recentemente, meio que me dando bronca por eu não indicar boas fontes de notícias para ele. “Você é jornalista, tem que me mandar as matérias legais, pô!”. O negócio é que eu fico tão imersa nesse meio quando estou em São Paulo, que esqueço que nem todo mundo tem acesso aos meios alternativos e presumo que não preciso apresentá-los. E quando estou no interior, me desligo completamente da profissão para poder relaxar, e aí a galera fica sem saber desse meu lado.
A verdade é que, logo que você pisa no departamento de jornalismo da ECA e respira aquele ar, já começa a desconfiar das grandes empresas de comunicação. Aprendemos rapidinho o quanto a cobertura das notícias é tendenciosa, o quão fácil é manipulá-las. E você continua lendo a Folha, assistindo Jornal Nacional, só que sempre com um pé atrás. Lembro de uma entrevista que fiz pro primeiro estágio em que a pesquisadora me mostrou um exemplar da Veja em que ela tinha sido citada. “Eu não disse nada disso, eles interpretaram tudo errado”, me contou. Naturalmente, após perder a confiança em certos veículos, você começa a buscar outros.
Para cobertura geral, estilo portal de notícias, comecei a acessar os internacionais, como BBC e El País, que têm filiais no Brasil. Depois, dá para ler uma análise mais aprofundada no Pragmatismo Político, e conferir umas matérias independentes selecionadas pela Revista Fórum. A Carta Capital é um bom lugar para equalizar a balança ideológica, que é majoritariamente “de direita”. E, por incrível que pareça, a TV Folha faz ótimas coberturas em vídeo, com uma linha editorial bem diferente do jornal impresso. Aliás, dica de uma coisa que percebi: geralmente as editorias de arte e audiovisual tendem a fazer reportagens mais interessantes e críticas. Tipo esse especial dos 50 anos da ditadura, e o Tab Uol, que cada semana faz uma matéria multimídia com linguagem super acessível.
Esses são os basicões, razoavelmente conhecidos fora do meio jornalístico (digo razoavelmente pois, na minha experiência, são acessados por pessoas que já têm um certo pensamento crítico, e a realidade brasileira é de 68% da população atingida por algum nível de analfabetismo funcional). A lista seguinte é a dos meios de comunicação que ganharam meu coração, pouco conhecidos, baseada numa pesquisa super científica de verificar quantas curtidas tinham no Facebook. Em ordem alfabética:
Ah, e só para puxar para o meu lado, tem os projetos jornalísticos alimentados pelos estudantes ecanos. A cada semestre a turma muda, mas até agora só vi coisa boa: a Agência Universitária de Notícias é uma boa fonte de pesquisas científicas desenvolvidas na Universidade; o Claro! e a Babel são de formato mais livre, literário, e temas geralmente mais ousados; o Programa Universidade 93,7 passa na Rádio USP aos domingos, e algumas produções vão para o site; o Jornal do Campus interessa mais à comunidade uspiana mesmo, mas como ela é pública e financiada por todos os pagantes de impostos em São Paulo, vale dar uma conferida, né?
A Literatura dá voz às vítimas de abuso e violência sexual.
wow!
quando as confissões se libertam
on the road, coisas desiguais
Feminismo na prática
Magia natural, tarot e amor
obg pelos links, vou entrar em um rabbit hole de awesomeness agora 🙂
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